Notícias

Convidados 2020: Boubacar Ndiaye (Senegal)

voltar às notícias 23 de março de 2020
Boubacar Ndiaye

Foto: divulgação

 

Boubacar Ndiaye

“Minha boca é uma porta aberta para minha avó”.

 

É dessa forma que o griot* Boubacar Ndiaye homenageia sua avó, Ngoné Gueye Samb e ilustra sua arte. Tendo crescido em Tivaoane, na região de Thiès no Senegal, Boubacar esteve imerso no mundo da narrativa oral, dos enigmas, provérbios, da poesia e música da etnia Wolof.   

Teve uma formação tradicional, sendo iniciado na arte da palavra por suas duas mães e sua avó. É um dos raros contadores africanos de formação tradicional que alia a tradição e a modernidade, transformando-as numa única voz, pesquisando e compartilhando palavras que vêm da sua história, suas lembranças e leituras, e da própria criatividade em encontros com diferentes públicos, onde canta, dança e narra seus contos.  

Em 2007, ciente da crescente desvalorização da tradição oral na sociedade africana, fundou a Associação Le Puits à Paroles France e Senegal que visa coletar as palavras dos anciãos e divulgar a tradição. Essa associação promove anualmente, desde 2008, o FESTIPAROLES no Senegal, um festival internacional itinerante da arte de narrar histórias, do qual ele é o diretor artístico.  

Foi o representante do Senegal no ano da francofonia, em 2006 e desde então já percorreu com seus contos toda a França, assim como Suíça, Bélgica, Ilha da Reunião, Algéria, Burkina Faso, Estados Unidos. E agora, pela primeira vez vem ao Brasil. 

Atualmente vive na França, de onde nos apresenta seu olhar sobre o mundo, em constante mutação. Conta histórias em lugares tão variados como teatros, bibliotecas, escolas, hospitais e prisões.

Seguindo a linhagem de seus ancestrais, Boubacar Ndiaye conta as epopeias e cantos sagrados da tradição wolof. Conforme os ritmos e danças acompanham suas palavras, mergulhamos no universo de sua infância, que ainda hoje ressoa dentro dele. Ele diz que contar é encontrar as pessoas, e nos pede: “Abram os ouvidos do coração, eu os conduzo à escola dos ancestrais…” 

Com grande generosidade, ele nos oferece a energia e luminosidade de sua alegria pelo encontro.

*Griot – termo do vocabulário franco-africano, diali nos Sudão, guéwèl no Senegal (do árabe qawwal – recitador sufi), contador, cantor, genealogista, guardião da tradição que é unicamente oral. In Birago Diop “Les contes d’ Amadou Koumba”. (Introdução p.11)

Fontes:

http://www.cricao.org/wp-content/uploads/2018/10/Boubacar-Dossier-diffusion-complet.pdf 

https://www.amjamboafrica.com/senegalese-storyteller-musicians-come-to-brunswick-for-voyage-sans-visa/   

http://ghana.spla.pro/file.person.boubacar-ndiaye.8220.html  

https://apps.bowdoin.edu/digests//entry.jsp?pid=7287