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Convidadas de 2016: Julia Klein (Alemanha)

voltar às notícias 10 de março de 2016

Julia Klein_Foto Menke

Foto: Menke

 

Julia Klein é contadora de histórias e professora de teatro. Vive em Bremen, na Alemanha, onde é pioneira na arte de contar histórias. Com a sua série “Histórias na Torre”, ela se apresenta desde 2002 uma vez por mês no espaço cultural Schlachthof, retratando a diversidade narrativa da cena europeia. Desde 2007, é também diretora artística do Festival Narrativo Internacional Feuerspuren (www.feuerspuren.de). Além disso é professora no departamento de línguas na Universidade de Bremen, onde explora as diferentes formas de narrativa como um meio para o ensino de línguas.

O que ela chama de “Contemporary Storytelling” é uma corrente do setor das artes do espetáculo em constante evolução. Muito além de contos dos Irmãos Grimm, essa sua forma de contar histórias oferece a oportunidade de criar e desenvolver novas histórias ou então (re)interpretar histórias antigas, com novos elementos surpreendentes. O especial sobre contar histórias, e isso é válido hoje, assim como há milhares de anos atrás, é a proximidade especial com o público, a troca direta. Julia Klein inventa suas próprias histórias para suas apresentações mas também (re)interpreta historias existentes e tradicionais.

Ela também inventa “histórias de rosas” na hora da apresentação, que são produzidas em interação com o público. Ela diz que as rosas são bonitas no jardim, úteis na medicina alternativa caseira, cheirosas e sensíveis em cosméticos, e um ornamento lindo em mesas da sala de jantar. Elas são mensageiras do amor, e podem ser um sinal de simpatia mas também de tristeza e sofrimento. Seu nome “rosa” aparece na política  – como no caso do importante grupo alemão de resistência ao nazismo chamado rosa branca – bem como no hospital. E elas aparecem também em contos de fadas, nos mitos e nos escritos de diferentes religiões do mundo. Essa ampla gama de associações é como uma “mesa posta” para a “comerciante de história” (Geschichtenhändlerin) Julia Klein.

Outro importante papel nas atividades é desempenhado pela música. Dois músicos da Orquestra Imigrante Bremen acompanham os contos de fadas com instrumentos, e tocando músicas tradicionais dos respectivos países. No final, as habilidades linguísticas da plateia são colocadas em questão. Junto com o público, uma determinada história conhecida é contada em cinco línguas diferentes. Mas caso alguém da plateia saiba contar uma parte em outra língua, é convidada para também subir no palco e contar. Já houve um evento em que um história chegou a ser contada em vinte línguas diferentes. Julia espera que esse tipo de atividade tenha continuidade. A experiência tem demonstrado que nesse tipo de evento se estabelece uma relação com pessoas que raramente visitam eventos culturais. Depois de finalizado o ato de contar histórias, o evento segue com rodas de conversa, música e muitas vezes com a continuação e o desenvolvimento de histórias. Pois histórias atraem histórias. Outro aspecto especial desse evento também é permitir que um número de diferentes línguas tenham a sua vez e voz, para que todos compreendam a história, às vezes mais e às vezes menos. Assim, todos os sons se combinam para criar um som global para celebrar o tesouro linguística no coração de Bremen.

Sua personagem, Amalia, é uma vendedora ambulante de histórias, e viaja pelo mundo levando histórias de um lado para outro. Amalia conta histórias valendo-se de objetos do cotidiano, porque em cada um deles, assim como em cada pessoa, vive uma história.