Notícias

Ressonâncias e Repercussões: Francisca Sandra de Sousa

voltar às notícias 7 de maio de 2021
ARTE-RESSONANCIAS-carrossel-1

Neste texto, Francisca Sandra de Sousa relaciona os movimentos 10 e 11 debatidos ao longo do Boca do Céu nas Nuvens 2021

Sou educadora, ledora, leitora, escutadora e contadora de histórias, aspirante a escrevedora delas.

Contar histórias é semear sabedoria através da força da palavra. É salvaguardar a memória ancestral da humanidade.

Nasci e me criei numa comunidade rural onde a maioria das pessoas é da mesma família e duas semanas antes do Boca no Céu nas Nuvens, havia iniciado, nesta comunidade, junto com uma prima, um grupo para recolha e registro das narrativas orais do lugar de nome Compra Fiado, localizado no Sul do Ceará.

Os rostos e vozes das pessoas do meu lugar já estavam me afetando profundamente através dos relatos nos grupos de whatsapp e eu me encontro com os movimentos do evento. Neles me deixei embalar e mergulhar na ida ao meu povo, atravessada pelas suas narrativas e lembranças expressas na oralidade dos áudios do grupo e fui introjetando o lema o que lembro, tenho. Pois estava ouvindo lembranças que o meu lugar tinha e estavam esquecidas nos baús de suas memórias, de suas histórias e que estavam voltando em suas memória, estavam tomando posse delas novamente.

Passando por mais um movimento que balançou a educadora que sou, acordei em mim a busca por diferentes artes de narrar a oralidade que estou tendo acesso na pesquisa iniciada, a busca pela melhor estética para mostrar o rural, o natural, as histórias de vida e o cotidiano desse lugar.

E ao final do percurso, passei por um fórum que me mostrou critérios para uma escuta reflexiva e formativa dentro da arte da palavra oral hoje e nele aprendi a acender o fogo da escolha do meu repertório para contar histórias, alimentar esse fogo, pesquisando e aprendendo sobre a arte de narrar e conversar com esse fogo que a palavra narrada reverbera em mim e em quem me escuta. Aprendi que preciso escutar as narrativas orais do meu lugar, do meu povo, para ajudá-los na salvaguarda delas usando múltiplas linguagens: conversando, escrevendo, cantando ou contando.