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AS NOITES NO BOCA DO CÉU NAS NUVENS

voltar às notícias 11 de março de 2021
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As noites no BOCA DO CÉU NAS NUVENS 2021 serão diferentes, pois teremos conversas transmitidas ao vivo pelo YouTube e Facebook. 

A primeira noite, abertura do nosso Encontro no dia 22 de março, às 20h, terá a participação de José Jorge de Carvalho, professor de Antropologia da UnB e pioneiro na inclusão de estudantes e docentes afrodescendentes e indígenas nas universidades brasileiras e latino-americanas, que falará sobre o Movimento 1: “É inútil tentar concertar*  o Brasil?”:  um passo na direção do(s) nome(s) da fruta. 

Nas demais noites, sempre às 20h, os Movimentos serão abordados de forma teórica e poética e estarão localizados em regiões do Brasil, delineados com as seguintes temáticas: A Encantaria Amazônica e Nosso Universo Ancestral Ameríndio; A Tradição Oral Nordestina e as Recriações de uma Herança Ibérica; Aspectos da Presença Africana na Cultura Oral de Minas Gerais e Narrativas Encobertas do Sul do Brasil.

No dia 23 de março, Bel Fares, doutora em Comunicação e Semiótica: Intersemiose na Literatura e nas Artes, e mestra em Letras: Teoria Literária, falará sobre o Movimento 2: “Encantarias Ameríndias no Pará” e estabelecerá um diálogo sobre relatos encantados ou o que os narradores amazônicos chamam de marmota, anedota, remorso, jangada, frequentes no cotidiano brasileiro-amazônico, sobretudo na zona rural e nas zonas periféricas das maiores cidades. Essa conversa contará com a participação de de Belle Pantoja, Dani Lobato e Dia Favacho.  

Já no dia 24, dentro do Movimento 4: “A Presença Ibérica nas oralidades cearenses”, Oswald Barroso, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Universidade Federal do Ceará, e Pós-Graduado em Gestão Cultural pela ANFIAC/Paris, nos levará para uma viagem sobre como surgiu, como se espalhou e quais os objetivos e conquistas do movimento de valorização dos Mestres da Cultura Popular no Ceará através do tema “Nordeste Ibérico: Nomadismo e Mestiçagem”. 

No dia 25, Letícia Bertelli, cantora, pesquisadora e doutoranda e mestra pela ECA – USP, e Sérgio Pererê, cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e produtor musical, abordarão o tema “Vozes Ancestrais de Minas”, em um bate papo cantado. O Movimento 8: “Afrobrasilidades nas Minas Gerais” propõe uma viagem pelas influências africanas no povo brasileiro para compreendermos sabedorias encobertas de nossas raízes culturais.

E fechando as noites desta edição, no dia 26, Gilka Girardello, Professora Titular da Universidade Federal de Santa Catarina, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, falará sobre o Movimento 5: “Narrativas Encobertas do Sul do Brasil”, com o tema “Na crina do Vento Sul: sobre os contos de um Brasil meridional” e tratará das memórias e histórias alheias ou meio inventadas sobre gentes de ilhas, vales, furnas e campos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 

Assim serão as noites do BOCA DO CÉU NAS NUVENS. 

Participe conosco! 

Para saber mais sobre cada um dos artistas, clique na aba “Convidados”.

EMENTAS COMPLETAS: 

  • Culturas Populares Tradicionais na Sociedade de Mercado – ABERTURA

“As culturas populares podem ser concebidas, em termos gerais, como um conjunto heteróclito de formas culturais- música, dança, autos dramáticos, poesia, artesanato, ciência sobre saúde, formas rituais, tradições de espiritualidade- que foram criadas, desenvolvidas e preservadas pelas milhares de comunidades do país em momentos históricos distintos (pág. 44)

” O percurso das culturas populares no último século é, portanto, análogo à história de todos os biomas brasileiros, como no caso atual da floresta amazônica: um por um, nossos biomas foram sendo predados pela expansão do sistema econômico desigual e excludente que é nossa marca de sociedade desde 1500. ” (pág. 45)

Carvalho, José Jorge de. ‘Espetacularização’ e ‘canibalização’ das culturas populares na América Latina. Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 14, vol.21 (1): 39-76 (2010).

 

  • Encantaria Amazônica

O reino dos amazônidas nasce sob a força do mito. O país imaginário descende da imagem feminina das amazonas, que desdenha o macho, mas precisa dele para perpetuar-se. A luta pela liberdade das mulheres guerreiras lhe impõe os arcos, lhe amputa um seio e os filhos homens, e lhe esconde o rosto. Os relatos divinos e heróicos ensinam a vida, são oráculos dos tempos imemoriais. O mítico é a força da Amazônia, e, apesar das tecnologias se fazerem presentes nos diferentes espaços da região, as explicações, as personagens, os lugares míticos, ainda sobrevivem neste mundo em que se solapa riquezas minerais, derruba-se florestas, mata-se o homem  e acomete-se outros males. Esta conversa pretende estabelecer um diálogo sobre relatos encantados ou o que os narradores amazônicos chamam de marmota, anedota, remorso, jangada, frequentes no cotidiano brasileiro-amazônico, sobretudo na zona rural e nas zonas periféricas das maiores cidades.

  • A Presença Ibérica nas oralidades cearenses

No Ceará, tudo é passageiro, o vento, a chuva, o mar, a terra, as serras, os castelos e as choupanas. No seu chão, até as pedras se movem. Gentes e paisagens perambulam mundo afora em paus-de-arara, carroças, ônibus, jatos, em contínuas romarias por terras nunca dantes palmilhadas.  Bagagens pequenas de objetos, trouxas imensas de sonhos e habilidades. Pedaços de mundos, transformados por suas mãos, bugigangas que se espalham pelos lajedos.

Estrada a fora, o Ceará expande limites, ganha mundos e esferas. Extrapola por estratosferas. Nos mares, verdes e bravios, como nos rios secos de suas veias, não tem descanso. Sol que avermelha pernas andarilhas, mãos mambembes, circos de pedra e sal. Carroças de ciganos, violas de cantadores, rabecas de cegos errantes, como dantes nunca se viu. Sonambulando no tempo, destrincham labirintos de magia, frágil nau de utopias, festeiras peregrinações sapateando na terra quente, serpenteando forasteiras, nada lhe é estranho ou estrangeiro, todo por suas mãos se recria.    

  • Vozes Ancestrais de Minas – bate papo cantado

Mesmo amalgamadas suas culturas, os traços de uma diáspora estão em seu nome. Afinal, as Minas são de ouro e diamantes, têm rosto e mãos negras. Ouro humano que imprimiu suas narrativas no pensamento, na música, nas artes plásticas, cultura alimentar, dança, em diversas tradições. Uma narrativa que, se atravessa uma triste história, segue constituindo saberes e práticas, a formulação de conhecimentos, de arte e espiritualidade. Os músicos Sérgio e Pererê e Letícia Bertelli nos convidam para um bate papo musical onde compartilharão aprendizados e convívios com estas vozes ancestrais, fonte de seus trabalhos artísticos.

  • Na crina do Vento Sul : sobre os contos de um Brasil meridional

Memórias e histórias alheias ou meio inventadas  sobre gentes de ilhas, vales, furnas e campos  do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.