Notícias

Convidados 2018: Cristino Wapichana (Boa Vista/RR)

voltar às notícias 3 de maio de 2018
Foto: divulgação

 

CRISTINO WAPICHANA é membro do povo Wapichana, que está estabelecido há mais de 4000 anos na região de Roraima. Atualmente esta nação conta com uma população de cerca de 13000 indivíduos distribuídos em várias aldeias. A família de Cristino vive na aldeia Araçá da Serra, mas ele reside atualmente em São Paulo, próximo ao pico do Jaraguá, depois de ter vivido em Rio Branco e no Rio de Janeiro.

Segundo os wapichanas, o mundo e tudo o que nele existe foi criado pela magia da palavra. Quando a criação terminou, em tempos muito antigos, somente aos pajés foi dado manter o poder criador das palavras. O povo wapichana ainda vive de forma tradicional, em meio a campos naturais e vida preservada, procurando manter seu ambiente e suas tradições. Uma das mais importantes armas que eles possuem para a preservação do seu modo de vida e sua visão de mundo são as histórias da sua tradição que vem sendo contadas e recontadas há milhares de anos. Atualmente o convívio com a cultura oriunda da civilização “branca” e suas cidades se dá de forma mais tranquila. Mas não foi sempre assim e ainda está longe de ser o ideal. Segundo Cristino, a “cultura branca” tem como uma das suas características mais marcantes as relações de posse, sobre as pessoas, os animais e as terras. Essa posição de “possuidor” estabelece uma relação de trabalho que não se limita às ações necessárias para a manutenção da vida e do bem-estar, mas se transforma numa dicotomia de trabalhador e proprietário que é contrária à visão de mundo do povo Wapichana, assim como de muitos outros povos indígenas. Essas questões conflitantes entre visões de mundo quase que inteiramente opostas foram as deflagradoras de uma série de confrontos ao longo da história, cujos maiores prejudicados foram os habitantes das florestas.

Mas eles resistiram e sobreviveram. Para Cristino, uma das razões pelas quais as populações indígenas têm encontrado caminhos de manutenção da sua identidade vem de um movimento que se iniciou nos anos 70 e que levou muitos indígenas de diversas nações a buscarem por formação acadêmica, gerando para suas comunidades de origem o duplo benefício de trazer para as aldeias recursos oriundos da formação em diversas áreas bem como a possibilidade de levar para fora da aldeia toda uma riqueza cultural e de conhecimento ignorada da população brasileira não indígena.

Uma das grandes vitrines da cultura desses povos primeiros do nosso país surgiu em 2004, por ocasião de uma reunião de pajés no estado do Maranhão. Nesse encontro foram discutidos pelos representantes de diversos povos quais poderiam ser as ações que propiciariam a divulgação das qualidades e conhecimentos dessas populações que seriam capazes de desfazer uma série de equívocos tradicionalmente propagados pela cultura “branca”, particularmente através da instituição escola, a respeito do pensamento e das estruturas sociais e culturais dos povos indígenas. Assim, entre outras medidas, foi fundado o Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas, do qual Cristino faz parte, que organiza encontros pelo Brasil para divulgar e dar visibilidade a obras de artistas e escritores indígenas junto a editoras, universidades, escolas e instituições que permitem a troca de saberes e a formação de uma imagem mais acertada dessas populações que já estavam aqui muito antes da vinda dos colonizadores europeus.

Cristino é autor de vários livros como: A Onça e o Fogo – (2009) Ed. Manole; Sapatos Trocados – (2014) Ed. Paulinas; – A Boca da Noite – (2016) Zit.

Ele também recebeu diversos prêmios pelo seu trabalho com o autor literário:

  • 2007 – 4° concurso Tamoio de literatura da Fundação Nacional do Livro Infantil e juvenil (A Onça e o Fogo)
  • 2014 – Medalha da Paz – Movimento União Cultural
  • 2015 – Prêmio Litteratudo Monteiro Lobato[6]
  • 2017 – Terceiro colocado no º Prêmio Jabuti (categoria Livro infantil – A Boca da Noite)
  • 2018 – Estrela de Prata do Prêmio Peter Pan (A Boca da Noite)

 

Fontes e para saber mais:

Itaú cultural

http://www.itaucultural.org.br/cristino-wapichana-culturas-indigenas

 

Simpósio de linguagens e identidades na Amazônia

https://www.youtube.com/watch?v=H5OAlV9GNqo

 

Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas

https://www.youtube.com/watch?v=prFQcffwnho

 

O trabalho de divulgação da cultura indígena

https://www.youtube.com/watch?v=YHIXT-3S8U0

 

histórias de contador

https://www.youtube.com/watch?v=125s5YEc7yo